BURITI DA ESTRADA

Quarentena de 20020
Tarde entardando o dia devagar
Curralama de aroeira bem formado
Assentado no alto do morro centrado
Sobrado formoso de Rita pra admirar
Vargem com galinheiro sempre rendendo
Arroba de porco por vezes vendendo
Paiol com milho e sorgo pra catirar
Do Alto da Rita logo se vê
Rompendo por detrás dos ipês
Bando de maritacas barulhar
No lago na baixada agora vistoso
De água cobrindo campo sombroso
Patoris juntando pra revoar
Moitas de tabocas balançando
Assopro ventoso do norte chegando
Nesta época do ano é de acostumar
Siriemas pelas largas rumando
Meloso de verde verdoso ficando
Garças amanadas com boi pareando
A vacada mestiça caminha a pastar
Estrada cortando lá embaixo
Onde tropeiros tocando o gado
Pela Carreira do Salobro a passar
Descem ladeando dedaleiros
Cagaitas, araticuns e pequizeiros
Pro córrego lajeiro travessar
O Salobro na encosta a vista alcança
Pelas veredas de buritis ele avança
Pras bandas do rio Pará descansar
Corre suave nem um pouco afobado
Léguas adentro cunhando o formato
levas de águas de grotões pra avolumar
Pelo sombreado de buritis formados
Tropeiros trazidos pelo sertão rasgado
Arrumam m encosto seguro pra pousar
De tanto pouso e tropeiro passado
No caminho com os buritis procurado
Boa fama o lugarejo foi arrumar
Rita naquelas vargens nasceu
Por aquelas grandes veredas cresceu
Pra naquele sertão amansado aprumar
Olhando par dentro olhado achou
de bicas que de menina encantou
Vendo roupa lavada e quarada secar
Das beiradas de mente pura buscou
Lembrança de rancho formado que deixou
De menina já moça encarnada poder casar
Com o marido Faustino que no sertão arrumou
Lida tranqüila e vida farta levou
Que oito filhos na empreitada deu pra juntar
Vida vivida de toda passada
De gente braba, sincera e precisada
Que fez do prumoso Buriti da Estrada
Lugar onde Rita do Faustino ficou a morar